Quando me entendi por gente, minha profissão já estava definida. Sabe-se lá como isso acontece, mas foi assim.
Depois, aos quinze anos, assisti ao filme Freud, Além da Alma e fiquei fascinada pelo assunto. Pronto, estava também acertado: na Medicina, estudaria o comportamento humano.
Depois vieram: faculdade, leituras de acupuntura, cursos de homeopatia, aulas de Psiquiatria e estudos de Jung. Outra vez, tomei rumo: dava preferência ao psiquiatra suíço, que considerou a religiosidade uma função psíquica importante.
Jung chamou de arquetípicas as imagens constantes que detectava nos sonhos e alucinações dos pacientes. Referia-se a padrões, marcas psíquicas originais, capazes de serem encontradas nos sonhos de homens e mulheres de todas as culturas em várias épocas da história da humanidade. Disse que os arquétipos possuem um lado voltado para cima, perceptível nas ideias e imagens do inconsciente; e outro voltado para baixo, para o corpo, referindo-se aos instintos.
Fui à USP buscar o estudo dos instintos, que hoje se chama Etologia. Particularmente, a Etologia Humana. Nosso comportamento tem raízes instintivas, moldadas pela evolução durante milhares de anos. As prontidões do comportamento humano são iguais às do caçador-coletor que habitou a savana africana nos primórdios da civilização. A partir dos instintos, pode-se vislumbrar a face voltada para cima, a dimensão imagética dos arquétipos proposta por Jung.
O estudo dos instintos virou tese. E depois virou livro. Investiguei o comportamento dos adictos sob o prisma do instinto chamado Apego em O Apego dos Adictos.
Sempre houve em paralelo a tudo isso, a inquietude que me dizia: se não considerar o paciente como um todo, nem comece o tratamento.
A Medicina Integrativa tem hoje muitas versões e nomes. Mas foi a Medicina Chinesa que me proporcionou um olhar mais abrangente, capaz de considerar igualmente o psiquismo e as doenças físicas, e de tratar tudo ao mesmo tempo.
